O queijo, um dos alimentos mais antigos e apreciados pela humanidade, sofreu uma grande evolução ao longo de milhares de anos. Desde as suas origens humildes nos tempos pré-históricos até à sua sofisticada produção atual, o queijo tem sido não só uma fonte essencial de nutrição, mas também um reflexo da criatividade e adaptabilidade de diversas culturas.
Acredita-se que o queijo tenha sido descoberto acidentalmente no Neolítico, quando animais como cabras, ovelhas e vacas começaram a ser domesticados. O leite, armazenado em sacos feitos de estômago de animais, começou a coalhar devido à ação da renina, uma enzima presente no revestimento do estômago.
Este processo levou à formação de coalhada, que foi depois drenada para produzir os primeiros queijos. Esta descoberta foi fundamental, pois permitiu conservar o leite durante mais tempo, o que era essencial numa altura em que não existiam sistemas de refrigeração.
Ao longo do tempo, as técnicas de fabrico de queijo foram aperfeiçoadas em diferentes civilizações. Os egípcios desenvolveram métodos para produzir queijos macios e frescos, enquanto os gregos e os romanos se especializaram na produção de queijos duros e resistentes, ideais para o comércio e o transporte.
Os romanos, em particular, eram grandes apreciadores de queijo e levaram-no para todas as regiões que conquistaram, contribuindo para a difusão da cultura do queijo na Europa.
Durante este período, a produção de queijo continuou a ser uma atividade artesanal, transmitida de geração em geração, tendo cada região desenvolvido as suas próprias técnicas e variedades em função do clima, da fauna local e das tradições culturais.
A Idade Média foi um período de grande inovação no fabrico de queijo, em grande parte graças aos mosteiros europeus, especialmente os beneditinos. Os monges, que eram especialistas em agricultura e criação de animais, começaram a experimentar diferentes técnicas de fermentação e maturação do queijo. Foi nesta altura que surgiram muitas das variedades de queijo que ainda hoje são populares, como o Roquefort em França e o Parmigiano em Itália.
Prensagem e salga
Os mosteiros funcionaram como centros de inovação, aperfeiçoando técnicas como a prensagem, a salga e a maturação prolongada. Além disso, a invenção da prensa de queijo permitiu aos produtores extrair mais soro da coalhada, resultando em queijos mais secos e duráveis, essenciais em tempos de escassez. Com o advento da Revolução Industrial, no século XIX, a produção de queijo sofreu uma transformação radical.
A mecanização permitiu a produção em massa de queijo, tornando-o mais acessível e económico para a população em geral. O desenvolvimento da pasteurização por Louis Pasteur em 1864 melhorou a segurança alimentar, reduzindo a incidência de doenças transmitidas pelo leite não tratado.
Durante este período, a indústria queijeira começou a estandardizar os processos de produção para garantir uma qualidade uniforme, satisfazendo assim a procura crescente nas cidades em expansão.
Novos métodos tradicionais
No final do século XX, surgiu um interesse significativo pelos métodos tradicionais de fabrico de queijo, impulsionado pelo desejo de consumir produtos mais autênticos e de alta qualidade. Este regresso ao queijo artesanal levou ao renascimento de variedades antigas e à criação de novas variedades, com uma preocupação de qualidade, sustentabilidade e preservação das tradições locais.
Atualmente, a indústria do queijo é uma mistura entre o antigo e o moderno. Enquanto as grandes fábricas continuam a produzir queijos em massa para satisfazer a procura global, os pequenos produtores artesanais são responsáveis por oferecer queijos únicos que celebram a diversidade e a riqueza da história da produção de queijo.
Em suma, a evolução do fabrico do queijo é um reflexo da história da humanidade. Desde as suas origens acidentais até à produção industrial e ao regresso das práticas artesanais, o queijo continua a ser um alimento essencial na cultura mundial.